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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Educação e cidadania

Nicolau Sevcenko é um pensador que nos surpreende (nos melhores sentidos dessa palavra), em seus vários textos curtos ou longos, tais como Literatura como missão (sobre Euclides da Cunha e Lima Barreto); A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. A seguir, trechos de uma conferência que ele proferiu a convite do SESC, sobre educação e cidadania, duas palavras que nem sempre andam juntas.

"[A] educação [atual] não pode ser mais a mesma dos períodos anteriores .Ela não pode mais se orientar por uma ênfase nos conteúdos disciplinares, porque os conteúdos mudam com uma rapidez vertiginosa com a mesma aceleração com que mudam os paradigmas da ciência e da técnica neste momento de transição para novos modelos. Nos modelos que são caracterizados justamente por grande instabilidade, alta conectividade e uma natureza estrutural de mutabilidade constante e imprevisível . O que a educação precisa difundir agora são as novas capacidades e disposições prá inteligência aberta,conectiva e fluida que se articula criativamente por esses processos em curso e saiba tomar pulso deles , ampliando a massa crítica do conhecimentos a cada etapa e sabendo como distribuir esses ganhos em escala social . Essa é a receita prá um processo de requalificação democrática pela educação qualificada.
Mas isto não basta , porque tomando como um programa por si só este projeto pode se ficar somente o imperativo da adaptação à lógica dominante, gerando, para parafrasear a expressão de Marcuse “ uma espécie exótica de conformismo pluridimensional”. Aliás isso é o que a gente mais vê ,este padrão de conformismo ou conservadorismo “plugado”, gente que se fecha no seu condomínio “bunker” cercado por um enorme aparato de segurança , muralhas , cacos de vidro, arame farpado, cerca elétrica, guaritas, seguranças, cachorros , alarmes de todos os tipos e que no interior do seu condomínio “bunker” acumula todo tipo de aparato tecnológico que lhe permite o contato com os quatro quadrantes do planeta . Exceto o contato com o ser humano que mora ou que vive ao seu lado , que além desse grandíssimo inconveniente de ser humano , de ser de carne e osso, tem necessidades ,tem aspirações , carece de apoio generoso, de atenção afetuosa e de compaixão genuína." (Disponível em http://www.sescsp.org.br/sesc/conferencias/subindex.cfm?Referencia=2883&ParamEnd=4)

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